Hoje, como esse lindo dia, posso afirmar que durante diversas vezes meu foguete explodiu, mas não por forças estranhas a mim, mas por mim mesmo. Aquela covardia que eu tanto temia me abraçou, me mimou, me ofertou café e me deixou confortável. Assim, os dias foram passando como se todos fossem iguais. Como se cada dia fosse uma mera copia do outro, como se cada dia fosse apenas uma ilusão.
Quando escrevo isso e se alguém lê isso, pode pensar que tudo está acabado, que desde aquele último texto nunca mais dei volta na minha vida. Mas, tive boas surpresas nessa caminhada, que me alimentam com esperança. A vida é cíclica e quando tudo parece perdido, somos renovados com desafios diários. A pouco mais de três anos, vi dar seu primeiro suspiro a minha filha Maria. De dentro da sala de cirurgia, quando a obstetra cortou a carne da minha esposa e de dentro dela puxou dois pezinhos pelas suas mão, e você observa aquele corpo minusculo todo enrugado e olha como se fosse apenas uma boneca e de repente, de uma força misteriosa que só o universo é, aquele corpo inerte respira pela primeira vez, é nítido aos olhos a força que faz para dar o primeiro suspiro, a ignição da vida, o inicio de tudo. E ao pegar no colo, aquela frágil vida, você percebe por um instante que a vida é um mistério eterno. A vida é linda meu amigos. A vida é fantástica. É hoje, todos os dias quando acordo, me aproximo no quarto dela e nas pontas dos pés fico observando ela respirando e isso é tão intimo e lindo ao mesmo tempo, que poderia ficar ali por horas. Todo esse invisível que não enxergamos é a vida, seja no ar que respiramos ou no vírus que evitamos. A vida se decifra naquilo que não vimos, e ela passa quando negamos enxergar aquilo que está no nosso lado.