sábado, 25 de junho de 2011

e se vc tivesse amado o outro?




Tristeza não tem fim, felicidade sim


Se o mundo, as pessoas, o universo pudesse estar em conexão;
se isso realmente fosse possível,
se isso realmente acontece,
o que você pensaria ao descobrir?

você se permitiu? Você foi um ser legal?
Pensou que isso tudo que acontece é placebo?
Que as verdades veem à tona?
Amou de verdade uma vez na vida?

Se errar é a beleza de viver, erramos mais!
Se o ódio pelo outro supera a razão você o mata? O consome?
Se você diz: dane-se, se vira, problema seu!
Então mais uma vez a logica de mercado esta correta!

Se você tivesse nascido com todas as possibilidades?
Pudesse viajar, estudar varias línguas, ser astro de cinema,
você seria melhor? Se sentiria melhor?
Semana passada o mundo chegou a casa de 7 bilhões.
São muitas vidas, muitas bocas para comer,

nos preocupamos com isso?
Você amou alguém?
Você deixaria seu amor morrer de fome?
Você abandonaria seu amor?
Você poderia amar 7 bilhões?

Se gaia é a terra e um espirito universal existisse.
Você pensaria nessas coisas...

quarta-feira, 22 de junho de 2011

JIM KLEIST


‎"se sentir é criar,
e criar é estar vivo,
se estar vivo é encontrar,
e encontrar, na verdade, é reencontro,
se reencontro é privilegiar,
e privilegiar na verdade é esquecer,
posso resumir, de uma forma apressada, claro, todo o meu processo de escrever como um ato de esquecimento..

eu escrevo justamente porque esqueço..
esqueço tudo o que aconteceu.. tudo o que acabou de acontecer.. tudo o que está acontecendo justamente agora..

você sabe... estou aqui nesse café todas as noites,
como em uma espera, uma ante sala, um andar abaixo, quase como* (trecho não identificado da gravação)

eu escrevo porque é a melhor forma de se aproximar,
estar perto e não visível,
quase um desenho sonoro

você se lembra do bill evans?
vc se lembra daquelas noites no village?
ele falava daquele livro, lembra? aquele livro...

(nesse momento somos interrompidos por um grupo de amigos de jim)

vc ainda quer falar da escrita, cara? mas eu gosto mais é dos quadros..
bem.. eu escrevo.. eu escrevo porque essa foi (e sempre será) a melhor forma de não dizer..
de ocultar - tudo que se expressa aqui já é o desvio..
tudo que se representa já é limitado, vc sabe..

aquilo que sinto,
aquilo que trago aqui dentro de mais profundo,
isso eu ignoro e nunca poderei mostrar...

quando faço um filme, eu tento encarar todo esse processo como uma espécie de recordação..
eu visito as possíveis locações como se fossem vestígios de um lugar em que eu já estive..
eu olho atentamente para os atores buscando alguma sintonia improvável..
eu nunca quero o ator disponível, eu não quero aquele intérprete que quer trabalhar comigo..
eu quero justamente o que me diz não,
aquele que me ignora, que nunca me viu, que não pretende nada, que está isolado no bar pensando nas apostas que fez,
que não voltou ainda pois provavelmente não há para onde voltar..

e eu odeio terminar todo esse processo..
odeios a idéia de terminar um filme.. gosto do fotograma um a um.. gosto de ficar horas e horas no material bruto..
ali há uma música que dificilmente poderá ser ouvida novamente..

quando fiz o "blue in green", o evans me chamava toda noite.. não tinha energia elétrica na casa dele, não tinha mais bebidas, não tinha nada naquele apartamento..
a namorada dele o abandonou... a gente chegava do village e ele ficava tocando bach.. tinha uma ou outra vela por ali, vc sabe... um monte de livro de filosofia jogado...
ele me falava de uma garçonete pela qual ele se apaixonou...
mas havia tanta tristeza naquela paixão... tanta tristeza... não sei..

eu vi a dor mais profunda nos olhos daquele homem.
eu vi a solidão mais silenciosa..
afinal ele tocava todas as noites naquela época e tudo o que eu podia ouvir era o silêncio"

(trecho extraído de uma entrevista com o cineasta norte-americano JIM KLEIST (1941-1992) publicado pela revista BLOOD em fevereiro de 1963 - tradução de Rodolfo Arruda)

terça-feira, 21 de junho de 2011

E foi a infância.


Saudades do tempo em que eu não tinha medo, do tempo em que mirava em algo e tentava de todas as maneiras. Saudades do tempo em que errar era humano. O tempo passa, lentamente e a nossa coragem parece que fica lá atrás. Presa no passado, trancafiado no tempo perdido.



Quando era criança as únicas coisas que me metiam medo eram bichos imaginários, fantasmas e outras coisas não provenientes desse mundo. O meu medo era artificial e as vezes até gostoso, fazendo parte do imaginário de um menino, natural até mesmo para sobreviver. Mas, hoje meu medos são diferentes, parece ser reais e eu gostaria tanto que fosse imaginário, gostaria tanto de voltar a sonhar que eu estava caindo do alto de u prédio com a certeza de que continuaria vivo.

Que saudades de quando tudo não passava de uma fantasia e a realidade era exclusivamente preocupação dos adultos, que viviam correndo e se orgulhavam em dizer que estavam ocupados em uma reunião.

O adulto só trabalha porque não sabe brincar.

AFF...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

A uma passante



A rua em derredor era um ruído incomum,
longa, magra, de luto e na dor majestosa,
Uma mulher passou e com a mão faustosa
Erguendo, balançando o festão e o debrum;

Nobre e ágil, tendo a perna assim de estátua exata.
Eu bebia perdido em minha crispação
No seu olhar, céu que germina o furacão,
A doçura que embala o frenesi que mata.

Um relâmpago e após a noite! — Aérea beldade,
E cujo olhar me fez renascer de repente,
So te verei um dia e já na eternidade?

Bem longe, tarde, além, jamais provavelmente!
Não sabes aonde vou, eu não sei aonde vais,
Tu que eu teria amado — e o sabias demais!

Charles Baudelaire

quarta-feira, 8 de junho de 2011


Falam que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço. Mas, depende do que é tido como espaço. Clara e gema dividem o mesmo espaço de uma forma amistosa, mas dividem. O coração divide espaço com as emoções. E o cérebro divide espaço com as razões. Eu escrevi uma teoria a respeito disso, partindo desse principio que dois corpos não dividem o mesmo espaço, pressuponho que então o amor seria algo incabível. O que acontece é que em dados momentos o espaço não aceita dividir o seu lugar com mais de uma coisa. Entretanto, o espaço é egoísta. Então, tento imaginar o enorme espaço que separa a gente. Existe um distancia relativamente longa. Portanto esse espaço não aceita a gente, o que faremos? Enfrentaremos o espaço? Não, como disse no inicio quando a gema aceita dividir o espaço com a clara, estou querendo que você entenda que uma casca de ovo possui um universo inteiramente para as duas, e assim, mesmo ela ficam separadas. Na palma da minha mão cabe o triste destino do ovo, que separa em um pequeno espaço duas coisas. Ali, o espaço aceitou dividir, mas nem um dos dois acreditou.

A distância entre nos é um espaço muito menor se comparado com medidas relativas de uma casca de ovo.

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