Ironizar, alternativa de viver. Diz o poeta do amor, que ainda crê nisso.
Pobre infeliz, não se consegue razão nessa circunstancia. - Fala o corvo aos sussurros - ,
Ainda confuso com a fala do pássaro que antes vivia apenas em contos de Poe, sem saber o que acontece com sua realidade o poeta acende mais um cigarro e caminha até a janela paralela a que o corvo putrefaciente esta. Respira com dificuldades, seu pulmão não responde a sua necessidade. Com peito frenético, agudo, lança seus dedos úmidos aos botoes de sua camisa velha. A brisa leve da primavera alivia o suor, suas pálpebras dilatadas correm o olhar na avenida movimentada, ela não esta ali, ele ainda a vê, a sente, o lençol ainda não foi lavado, serve de adorno nas noites tensas.
Como tatuagem perene na sua vida.
Ela virá até você, virá como cobras no silencio, pulsante, intransigente!
Como punhais, as palavras grunhidas pelo Corvo prevem o infarto já desejado pelo infame néscio. Então um sorriso amarelado pelos maços intermináveis de cigarro surge no sujeito irônico. Sorri para morte como um espartano sorri para o inimigo incapaz em batalha. Grunge em silencio mórbido: - não es tu que me desespera. Não sois você que desejo, espera foice inevitável, abraçarei sua vontade, mas não hoje.
Em sua primeira dose de heroína o poeta já gozou seus delírios, agora vive o explendor que seu organismo promove ao tentar eliminar aquela substancia acida. Semana pós semana as doses tornam-se rotina. Alivio imediato. Ele quase não lembra os motivos que o deixa triste, enquanto isso o menino cadeirante mendiga no sinal, de sua janela ele joga uma seringa, o menino sorri.
Jordane Câmara.
Um comentário:
Fantástico!
Postar um comentário