sábado, 22 de outubro de 2011

Cotidiano:



Eita semana boa!/Morena que pele linda;/Diz que é doida!/Digo viva!
Semana quente, no espetáculo do dia-dia, o teatro ressurgiu, na rua quem passou viu!
Mas tem cosa ai!
No caminho para casa! Muita gente se vê, não tem como saber se é a morena sedutora ou a atriz encantadora.
Meus parceiros dão conselho, vou arruma trabalho até no banheiro. Sem cai no desespero talvez um samba maneiro, eu danço com dinheiro!
Eita semana doida, muita gente conheci, nas nuvens vi, gente nossa mora perto, aperto! Mando beijo, pago vinho, prazer imenso em servir!
Semana correndo já passou, vamos ver o que acontece, na noite quente de Floripa, cerveja boa deve ter, vem morena vem, atriz nata vem também! Que sonho bom, pena que acordei!


Jordane

sábado, 15 de outubro de 2011

Poema dos desejos


Procurando o que já perdeu. Esqueceu que perdia, quando acho não quis;
Comovendo os olhos, esperar não podia, quando tinha se fez;
Atraindo olhares, quando vê não enxerga, quando vir, nudez;
Esperando já perdeu. Perdia e esqueceu, quando não tinha, quis.


J.C

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Uma, duas, três.


Difícil quando, lugar a chegar, não vai.
Razão sua, não têm.
Bem, assim sou.
Em noites ruins, você esta.
Te julgo, se caso for.
Bêbado no bar estará.

Na lua cheia, quando chegar.
O mar anil, no oceano reluz.
Olhos lindos, eu imagino.
Cabelos de fogo, ela têm.
Nem serpente, nem vampiro.
Boto amazônico é.
Basta saber, eu sei.

Sou eu agora, a persona.
Não percebeu? As mulheres.
Uma antes, outra agora.
Uma deusa, outro boto.
Pescar agora, eu vou.

Jordane Câmara

domingo, 9 de outubro de 2011

Bom dia do escravo.



A voz arredia que invade a tranquila fala do poeta, em manhãs de primavera, onde o som dos pássaros, a brisa do mar, até mesmo o minuano cortando o rosto não passam de lembranças. Perturbado ainda com os primeiros raios de sol, aquele sussurro lhe deseja bom dia, como a ordem do sinhô para o escravo, nunca será um bom dia, não para o indigente que não é dono de sua própria liberdade. Mesmo liberto dos grunhidos o escravo não tem nada a fazer, a não ser procurar sua família, quando negado seu desejo seu dia não é bom. No teatro aristocrático os negros ganham um papel, triste como sua história. O libambo aprisiona seus dias, não existe Helenas, Afrodite, nem Dionísio. Não existe espaço para felicidade. Uma vida inteira do desejo, da busca interminável, do sonho não realizado, da conexão interrompida esse é o bom dia do escravo poeta. Não ganhou papel e lápis para descrever seus próprios sonhos, agora da mão do historiador suas anciãs revelam-se. Ele também sonhava, também queria um bom dia, não sabemos de suas individualidades, mas quando reunidos celebravam sem pudor, sem patrão, sorridentes e capazes. Suas vidas incógnitas ganham as academias, suas individualidades serão expostas, mesmo que não seja num bom dia.






Jordane Câmara

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Mefistofeles no velorio


Mortificação, dor, saudades nada disso ela sente.

O corvo traz a mensagem ao poeta vivo.

Ele vê a tragedia em sua frente, o corvo sorri pois sua felicidade e' o desencanto;

como a morte e' para o vivo, a infelicidade emana nos olhos antes brilhantes,

ele morreu, diz Platão, devia ter separado da família aos doze,

Paris, Montevidéu, Caracas, Sidney, Londres, Egito, Toquio não existe lugar que não tenha visitado,

ela prega peças, ela diz: I need new esperience! Tudo e' igual, ela ce comove, e ve em seu leito de morte apenas um quadro, uma flor e apenas uma lagrima, uma lagrima ha muito esquecida por ela. Sua outra metade, aquele que o mundo procura, um poeta.Homem solitario, sem muitas palavras, sem muitas lagrimas.

E o corvo pela ultima vez ce pronuncia a eferma: Es o que restou do seu outro eu. A morte infame, e advinhe? Sua unica flor de velorio e' de quem voce deixou ha tempos. Viva para a eternidade, conheca toda a sabedoria pois aquele que lhe podia fazer feliz, mesmo que momentaneamente preferiu a morte que experar sua lucidez!

Entao como magica o corvo some. No seu lugar Mefistofelis argumenta, Nem Dante havia pensado, imediatamente imediato! Oxum ja havia lhe dito, sunce nao houve de ve! Terminas o que comecou, ou terminarei em voce!

A mulher prepotente alienada segue seu rumo, deixa o velorio dos sentidos, alimenta seu ego, fica bebada e lembra.

O cavader se remexe, nasce novamente das cinzas do amor, Agora diferente, olha o presente e sorri friamente, Rimas eloquentes e; o que brota da mulher indecente. Moral e sutileza e' o banquete dionisiaco.


Jordane Camara

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