segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
O incompreendido
O incompreendido ser é sem dúvida elementar na existência. É normalmente o organismo banido de pudores, livre de ciúmes, cercado de incertezas e marchando contra o vento. Sempre açoita o outro com perguntas que podem parecer inconvenientes, talvez para mostrar-se interessado pelo afeto alheio. Já que aquele não tem a capacidade de enxergar a felicidade com bons olhos. Talvez por ser promíscuo demais, talvez por ser prudente, talvez e por simplesmente não achar interessante o outro em sua medíocre existência. O organismo compreendido em si não revela ao outro sua face, suas ambições, seus pudores. Está tão certo de seus valores que acaba num círculo fechado. Sem a compreensão do incompreendido. Este por sua vez azeda em melancolia, em solidão, pois acaba lentamente no paradoxo que o mantém vivo. Sua sina é trazer o desconforto ao assento, é o prego arrebitado da ponte pensil, é o câncer pulsante dos enfermos, é a pergunta inconveniente, é o garotinho que acha que a professora esta errada, é o ancião que instiga o jovem ao conhecimento é o amor do poeta é o gozo do criador ao invés da masturbação do expectador,
Só assim o verme incompreendido revela seus anseios para o mundo, na discordia nasce o conhecimento. O compreendido é tão fascista que quando se depare com o incompreendido acaba achando-o interessante e ao mesmo tempo distante daquilo que julga como realidade, como modo de viver. Automaticamente assume uma posição que, sobretudo, acaba sendo uma motivação de vida. Por outro lado o verme incompreendido suga o veneno deixado pelo irredutível. Então o veneno algoz da solidão penetra mais uma vez no verme pútrido, órfão de pai e mãe. Selado aos apelos banais de sua vida indesejada. Constituindo assim um desejo pelo novo quase que insano. A ponto de ser chato. A ponto de não perdoar sujeitos completos, compreendidos, por sempre desejar a chave da próxima porta ao invés da escritura da terra.
J.C Janeiro de 2008, melancolia é mato.
Link abaixo leva a um filme bem interessante, de mesmo nome a essa minuta que acabaram de ler, trata-se de um filme autobiográfico de François Truffaut.Um cara incompreendido .
http://cinemacultura.blogspot.com/search/label/*%20Fran%C3%A7ois%20Truffaut
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2 comentários:
Para que o bom senso parta para bem longe, lá para o mundo daqueles que não ousam! Grande Jordí!
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