quinta-feira, 30 de abril de 2009

sessão da tarde

Cinco horas da manhã, o cigarro acabou. O café já esta gelado há horas e a cerveja, esqueci o gosto. Minhas orelhas fervem. Então, tomei a cruel decisão de levantar da cadeira e fazer algo para minha saúde, algo diferente, ao menos às cinco da manhã. Antes de sair, verifico se o gás está seguro, nenhuma tomada conectada, luzes apagadas, lixos vazios, principalmente o cinzeiro. Então, como de costume, antes de qualquer atividade que eu faça, sou suprimido dos pés a cabeça por um circular sanguíneo mais quente que meus músculos (camadas adiposas sobressalentes). Sim é o tesão. A vontade de trepar, o enrolassar de corpos. No entanto, estou no meu apartamento, minha namorada esta no dela. Minha grana não compra nem uma chupeta, minha internet caiu. Vou ter que invocar o poder divino de minha mão. Claro que não farei isso. Sou um homem esclarecido e, sobretudo resolvido. Jamais pagarei uma prostituta. Ou melhor, não me masturbarei sem a presença da querida Elena, minha versão dionisíaca, minha mulher de curvas sinuosas. Não pagarei a internet, não hoje. Buena, já são cinco e quinze. Todas as tomadas verificadas, gás okei, surto juvenil estabelecido, esquizofrenia controlada preparação para atuar. Como todo bom sociopata as devidas precauções tomadas, então me dirijo a porta e esta sem a chave!!
-Puta que pariu! Cadê a chave?...


Encontrei.

Estava atrás do sofá, junto com minha carteira, fósforo, narguilé, isqueiro, comida putrefe e adivinhem? Uma carteira de cigarros. Com um cigarro. Então abro a porta. O zelador esta dormindo. A pizza que antes era dele parece boa. Pena são as barejeiras(moscas azuladas, pouco maior que as convencionais, estão normalmente na merda ou na sua comida) ali depositando seus “ovinhos”.
A luz do primeiro, terceiro, quinto e sexto poste até a esquina estão acesas. A luz do segundo poste está apagada e a do quarto está em meia fase. Neste momento, -enquanto caminho- me pergunto por que presto atenção nestas coisas. Dizem que quando andamos nosso cérebro oxigenasse melhor e acabamos pensando em um monte de coisas como insights! Então novamente a dúvida cerca meu caminho. Enquanto as TVS das lojas estão ligadas na rede globo mostrando o desastre da moda. Meu único problema é a esquizofrenia herdada por sei lá o que, que me atormenta. Então escuto um barulho familiar. Logo abaixo do quarto poste está um bêbado. Provavelmente tão ou mais depravado do que eu, porém em um dia melhor que o meu. Percebo que ele me observa e sinto o terrível cheiro de sua refeição entrando pelas minhas narinas, suprimindo meu ar. Sim era o Diorge. Antigo chapa, meu camarada do tempo que ganhar dinheiro era fundamental na vida dos jovens. Quando percebo que não era o Diorge. Era alguma espécie de punk pos-moderno que veja TV em lojas que sonha em trabalhar para se manter em pé. Ao menos ele está com um tênis novo e bebia minha cerveja predileta. Não pedi um gole porque havia uma poçinha de vômito ali perto dele. Ao dobrar a esquina lembro que Diorge esta morto, e que meu antigo colega se chamada Georgi. Diorge era um auter ego de minha esquizofrenia. Ao menos o posto esta aberto, -“espero que o malboro ainda não tenha aumentado”-. Depois que aprendi a lidar com a esquizofrenia o mundo ficou mais chato. Falo isso porque normalmente não sairia de casa para comprar cigarros. Não no intervalo do meu filme predileto. Ao menos era, no inicio da década de 90. Enfim chego ao posto. Percebo o barulhinho das filmadoras do posto voltando-se para mim. Porque isso? Sou tão cordial e atento para não causar excitações nos outros. Buena, apaguei o cigarro na plaquinha publicitária de telefonia celular, cuspi na porta do Porche parado no lado de fora, entrei peidando baixinho, mas isso ninguém percebeu. Porque as câmeras me perceguem? Vou em direção ao banheiro, sempre me sinto melhor no banheiro.
Dou uma mijada, peido novamente, lavo minhas mãos, verifico o cabelo. Ótimo, estou com minha camisa predileta - isso é um bom sinal-. Percebo que estou de havaianas gastas e o banheiro do posto não é nenhuma suíte presidencial. Ao menos tem o cigarro, e não aumentou. O problema é que a Brahma ta na promoção e são cinco e dezoito da manhã, meu cigarro ta lacrado, o filme ta na parte três, é sábado sou obrigado a levar umas latinhas. Não é necessário que eu tome todas, a luz ainda não cortaram e a geladeira ta funcionando. Bom o caminho de volta. Sempre é mais fácil. Ao dobrar a esquina tenho mais uma das visões infernais que sou obrigado a testemunhar. O bêbado está em pé, ao lado do poste e a poça está quase no bueiro da 14 com a Avenida. O pior não é o odor que lembra um salão de festa de santo. Mas sim sua bunda branca reluzindo a luz do poste que, agora parecem holofotes de estádios de futebol. Cena deplorável, na TV passava uma propaganda para tratamento dentário. Quando acho que estou livre do moribundo, quase no poste três, o sarnento me chama. – este é um daqueles momentos que o sadismo da lugar para um espírito de segunda guerra herdada pelos enlatados norte americanos-. Bom meu canivete esta aqui e terminei a primeira temporada de Aikido no Youtube. Estou tediado, louco por sangue, tipo os quadrinhos do Lobo. Sim estou a mercê de uma indagação, de algo novo, do misterioso, então:
Oo Bruxo C tem um careta pru maluko aqui!?


Buena, não posso matá-lo. O pobre diabo que um cigarro. Não posso dar o primeiro cigarro. Uma vez, na velha província, uma menininha me contou que o primeiro de qualquer coisa deve ser seu. Desde que você seja o proprietário daquilo que há de ser dividido. Do contrário você perderá um ente querido, no caso uma namorada. Não acreditei. Ri da cara dela na cara dela. O problema é que ela acabou se tornando minha namorada meses depois e quando estávamos no baile de formatura do irmão dela, ela me deu bombons, acabei -por gentileza- oferecendo o primeiro bombom para a namorada do irmão dela. Acabei dormindo na casa dela. Mas agora é diferente, tenho algo a perder. Meu relógio que comprei na robalto dos truta, minha camisa predileta e o anel que ganhei da minha Vênus. Na pior das hipóteses a própria Vênus. Bom já não adianta mais. Ele está na minha frente olhando para meu nariz. O pior é que ele queria apertar minha mão como forma de agradecimento. Cresci nas ruas, isso é crucial para os truta firmeza, os mano, aqueles que nunca vão foder com você. Sinto muito, conseguia ver refletindo a luz do poste no mijo em suas mãos. Dei um tapinha nas costas e falei força aew!
Ao chegar na portaria, a pizza, o ventilador a TV até mesmo as moscas estão lá. Mas o barrigudo zelador não está. Já é cinco e vinte e um, o intervalo já deve ter acabado e o zelador não esta aqui. Inutilmente aperto a campainha. Vinte anos (3 minutos) depois ele chega, fazendo a retórica pergunta sobre minha chave. Respondo rapidamente e vou pelas escadas é claro. Beleza agora que apareceu “ parte quatro”, a cerveja vai ser pouca. Quando finalmente sento minha bunda gorda no sofá a energia cai. Volta! Cai novamente. No escuro, com meu cigarro reluzindo o brilho da lata em minhas mãos.

J.C.

sábado, 4 de abril de 2009

SETEMBRO...


Sei que setembro chegou sem você.
Senti o sentimento bater na minha alma.
Sei, que quando você sabe é mais gostoso.
Mas nada me impede de querer saborear algo novo.

Somos apenas Suspiros esperando o suicídio.
Sei que você sabe.
Você sabe que eu sei.
Sabedoria boba.
Só serve para deixar a gente separados.

O esse sem o C.
O C sem você.
E a SAU sem a DADE.

SEM...
...TI...
...MEN...
...TO...


Alceu Kunz.

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