sábado, 30 de janeiro de 2010

Ela passou rapidamente da cozinha para a sala, sentou-se e apoiou seus braços na mesa. Uma das mãos segurava trêmula um cigarro na ponta dos dedos, a outra apoiava a testa. Dava para sentir o turbilhão de pensamentos que saltava pelos seus olhos. Comecei a ficar desconfortável, não sabia o que fazer. Sem que eu esperasse a porta se abriu, rapidamente ela pegou a faca...

Intervalo comercial.

- Droga! - pensei.
Desliguei a televisão e fui dormir.


Jaime José Silva.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Achados e perdidos. (PARTE 1)

- O senhor quer preto ou com leite?
- Preto, por favor.
- Com açúcar ou adoçante?
- Sei lá. Mas trás o adoçante.
- Quer que eu esquente um pouco?
- Não. Está na temperatura que eu gosto.
- Tem certeza? - Perguntou a moça cerrando o cenho.
- Tenho certeza. - Respondeu o homem albino de bigodes escuros.
- Quer algum salgado? Pastel, coxinha ou um rizoles?
- Não. Só o café está ótimo.
- São cinco reais. – Falou a moça.
- Cinco reais por um cafezinho preto?
- Pense pelo lado positivo, com leite seriam seis e com açúcar sete reais. O senhor escolheu mais barato.
- Minha jovem. Em qualquer boteco do mundo um cafezinho custa menos de três reais.
- Eu sei senhor. Mas isso não é um boteco é uma... é uma...

O escritor pensou em duas hipóteses. Podia continuar a conversa com uma coisa séria discutindo a economia mundial ou fazer uma simples piada com a moça do café, falando que aquilo não era um boteco é sim uma... uma...

Sem inspiração o roteirista foi até a sacada e acendeu um cigarro pensando em seu dialogo. Puxou o celular e ligou para o diretor.

- O senhor prefere uma piada ou uma coisa mais séria?
- Do que você está falando? – Perguntou o diretor sem nada entender.
- Do roteiro que estou escrevendo pra você. Aquele do escritor com amnésia.
- Sei. O que você sugere?
- Eu liguei na esperança de você saber que tipo de filme gostaria de fazer. Preciso apenas de uma simples orientação.
- Sei. Quem sabe uma coisa mais séria.
- Acho que não vai ficar bom.
- Então, porque diabos você ligou querendo uma orientação? – Falou gritando o diretor desligando o telefonema na cara do roteirista.


(Continua dia 4/02/2010) ... Claro, se eu lembrar.

Alceu Kunz

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010


Circular ou linear, não importa o tempo
O Homem sente a necessidade dos padrões de comportamento
Sempre à beira do caos...
Humanos máquinas servem aos humanos medíocres
Mente humana!
Mente humano!
Falta aos sonhadores, com suas visões multicoloridas, o elixir contra a hipocrisia
Enquanto isso...
Gira! Gira! Humano circular!

Jaime José Silva.

alegoria I


Nada mal para um poeta um pouco de sossego,
Que mal poderia fazer;
Semana pós semana os dias tornam-se nímbiferos;
Meu guarda-chuva esta quebrado,
Atormento-me ainda mais;
Raios e trovões cortam os céus,
Aviões e pássaros também.
Nada mal um dia de sol;
Que mal poderia fazer?
Onde esta o sossego?
Quem roubou a paz nas pessoas,
Onde o poeta anda há discórdia,
Onde os pássaros voam há discórdia,
Que morram os pássaros e os homens,
Eis a plenitude, eis a paz, sem vidas humanas, sem pássaros,
Sem nada.


Jordane

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

As estórias do homem de barba...


Era uma noite como outra qualquer, fazia frio e eu viajava na plenitude da minha solidão.
Até ela aparecer.
A encantadora trapezista de cabelos curtos deixou o homem de barba imóvel.
Sem saber o que fazer apenas a viu passar e ela passou.
Eu, solidamentesozinho, ela solidamenteacompanhada.
Eu, surumbaticamente delirando, ela surumbaticamente viajando.

A solidão é o único caminho.
Artistas são solitários.
Putas são solidárias.
E o homem de barba, apaixonado, nunca foi ver.
Quando foi, a menina de cabelos curtos não estava.
Quando ela veio, ele se foi.
Ela foi para lua nadando de bicicleta e eu fiquei no barco pescando sem o molinete.

Alceu Kunz

sábado, 23 de janeiro de 2010



Já é noite, o relógio marca 23h30min, que logo mostra a temperatura 17Cº. As ruas estão vazias, os bares já recolhem suas cadeiras. Ele para e descansa seus olhos enquanto limpa o óculos, logo o devolve para a base do nariz, abre os olhos e continua a caminhar. Cansado de toda aquela ficção diária, ele repete para si o mesmo pensamento:
- Movo-me através dos estereótipos que caminham seguros nas ruas ladrilhadas pelas aparências.

Jaime José Silva.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

poente


Acabo um conto e conto outro;
Cresço, nasço viro outro,
Espaço num canto e outro/
Não canto, não danço vivo morto?

Espaço acabou, frase incerta,
Acaba aqui, começa ali,
Viva o tempo, nem acredita,
Neste lamento, entro e medito,
- Num canto e outro, -
Acabo uma frase antes do copo,
Água ardente, obra ausente!
Poeta poente,
Sente?

Chega de melancolia,
Me da uma cerveja,
Nessa agonia,
Que seja!

Jordane Câmara

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

As setas das utopias. 4.


Ainda sou mais ou menos
Sem sim e sem não
O talvez me contagia.
Sem amor sem ódio
Meu coração ainda bate.
Sem noite, sem dia...
Minha vida insiste em ser vivida.
A contra o vento, sou o vento que bate em meu rosto.
A contra o mar, sou a onda que me leva.
A contra terra sou ela que me enterra.


......................
Peuqnes estórias.

Ela voltou, disse adeus, virou as costas e foi embora.


Alceu KUnz

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O mito da caverna




O mito da caverna é uma das famosas parábolas escritas por Platão. A ideia consiste em pessoas que vivem numa caverna, elas acreditam que o mundo real é tudo aquilo que está projetado na parede, através das sombras formadas pela luz que entra pela única fresta existente. A caverna simboliza o mundo em que vivemos e aqueles que não saem, seja por medo ou comodismo, vivem amparadas pelas ideias dos outros (representada na parábola pelas “sombras”). Estas pessoas lutam contra qualquer um que diga o contrário sobre aquilo que entendem por verdade. A história em quadrinhos do Piteco, personagem de Maurício de Souza, capta muito bem a essência do que Platão queria representar sobre as sombras que limitam a nossa vida, mostrando que apesar de Platão ter vivido há muito tempo atrás, o mundo e as pessoas não mudaram muito.

Para ver a historinha completa clique aqui

Jaime José Silva.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Terremoto Haiti





Hoje, quem ligou a tv percebeu que o desastre no Haiti esta em uma fase tipo seleção natural. As pessoas que estão desabrigadas, atormentadas, psicologicamente abaladas esperam por comida e água. Os governos que estão apoiando essas pessoas estão mandando mantimentos para aliviar a catástrofe. No entanto a imprensa brasileira revela uma nova preocupação com aquelas pessoas. Profissionais explicam em rede nacional como aquelas pessoas podem agir, eles estão em uma fase de irracionalidade. Elas podem ser agressivas, podem não concordar com os métodos que os colaboradores adotaram para dividir os recursos arrecadados. Existe uma preocupação das nações - de algumas nações - para com as vitimas, mas também pode ser um roteiro de um Estado dominante, ora como podemos julgar irracionais aquelas pessoas? Isto poderia muito bem ser justificativa de métodos agressivos repressivos para com aqueles que não concordarem com os métodos de divisão adotado pelos responsáveis ativistas ou não no Haiti. E as milhares de crianças órfãs, será a festa ordinária, quem quer uma criança haitiana? Cuidado se você for um haitiano você pode ser considerado um sujeito perigoso, ora você pode estar com fome e sede, mas lembre-se, as filas são algo que você deve respeitar, o perímetro que você esta também pode ser contemplado com mantimentos, caso isso não ocorra, acalme-se sua hora vai chegar. Se tiver criança de colo e o infeliz não entender a situação tente acalmá-lo (a), ninguém gosta de uma criança chorona.

Jordane Câmara

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

As setas das utopias. 3.


Nos dias, nas horas
Nos segundos...
Busco sempre um, mais um...
Contudo, sei que cada segundo que passa
Sou um, menos um.

Em tempos e em tempos...
Busco o tempo que perdi
Enquanto pensava no tempo.

Alceu Kunz

sábado, 16 de janeiro de 2010

Sou contra aquele ditado que diz: “uma imagem vale mais do que mil palavras”, a palavra não pode ser tão desvalorizada. Um texto quando bem escrito não precisa nem chegar a tantas palavras para nos transportar a um mundo de imaginação. Através da leitura podemos criar imagens e sonhos capazes de nos tirar do convencional, tornando-nos mais inteligentes, mais criativos e menos indiferentes com as mazelas do mundo à nossa volta. Cuidado! Ler pode tornar as pessoas perigosamente mais humanas.



O vídeo é uma campanha de incentivo à leitura idealizada e produzida por: Deborah Toniolo, Marina Xavier, Julia Brasileiro, Igor Melo, Jader Félix, João Paulo Moura, Luciano Midlej, Marcos Diniz, Paulo Diniz, Filipe Bezerra. (Alunos do 2ºano - turma pp02/2003 - do curso de Publicidade e Propaganda da UNIFACS - Universidade Salvador). Com adaptação do texto de Guiomar de Grammont.

*Para os que já viram essa postagem no Arquivo Compacto garanto que assistir de novo é até legal. Hoje o dia foi corrido, acabei de chegar em Desterro, quarta prometo que não republico nada!

Abraços!

Jaime José Silva.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Mulher fatal



Salve Bohemios, hoje resolvi postar uma música da banda The Velvet Underground, que na década de 60 foram considerados por muitos como vanguardistas. Hoje em dia ser vanguarda é um pouco estranho. Estamos na era digital, tudo funciona muito rápido, assumir uma postura vanguardista é no mínimo duvidoso, ora em vezes pensamos que tudo já foi pensando. No entanto escolhi uma musica dos então vanguardistas da banda que em sua letra notamos certa obliquidade temporal. Algumas coisas mudam, perdem valores, são atribuídos novos valores, mas outras. Talvez nesta letra as considerações vanguardistas realmente fossem merecedoras para The Velvet Underground.
Aqui vão alguns link’s da banda, a web page, musiqueta no you tube e abaixo a letra em três idiomas, bom talvez já é hora de os bohemios se tornarem um pouco mais cosmopolitas! Abraço a todos até terça-feira!
Jordane.

Mais sobre a banda aqui, aqui e aqui

A música no You Tube aqui


Femme Fatale – Mulher fatal

Here she comes, you better watch your ste
Aquí viene, será mejor que ver su paso
Aí vem ela, é melhor você olhar onde pisa
She's going to break your heart in two, it's true
Se va a romper tu corazón en dos, es verdad
Ela vai partir seu coração em dois, isto é verdade
It's not hard to realize
No es difícil darse cuenta de
Não é difícil de perceber
Just look into her false colored eyes
Basta con mirar a los ojos de color falso
Apenas olhe na cor falsa dos olhos dela
She builds you up to just put you down, what a clown
Ella construye usted acaba de poner hasta abajo, lo que es un payaso
Ela te põe pra cima só para te por pra baixo, que palhaço
'Cause everybody knows (She's a femme fatale)
Porque todo el mundo sabe (ella es una femme fatale)
Porque todo mundo sabe (ela é uma mulher fatal)
The things she does to please (She's a femme fatale)
Las cosas que hace a favor (She's a femme fatale)
As coisas que ela faz como favor para você (ela é uma mulher fatal)
She's just a little tease (She's a femme fatale)
Ella es sólo una pequeña tease (She's a femme fatale)
Ela é só uma pequena provocadora (ela é uma mulher fatal)
See the way she walks
Ver la forma en que camina
Veja o jeito que ela anda
Hear the way she talks
Escuche la forma en que las conversaciones
Escute o jeito que ela fala
You're put down in her book
Estás dejó en su libro
Você foi colocado no livro dela
You're number 37, have a look
Usted es el número 37, echa un vistazo
Você é o numero 37, dê uma olhada
She's going to smile to make you frown, what a clown
Ella va a sonreír para hacerte fruncir el ceño, lo que es un payaso
Ela vai sorrir para te confundir, que palhaço
Little boy, she's from the street
Niño, ella es de la calle,
Garotinho, ela veio das ruas
Before you start, you're already beat
Antes de empezar, usted ya venció
Antes de você começar, você já estava batido
She's gonna play you for a fool, yes it's true
Se va a jugar por un necio, sí, es verdad
Ela vai te fazer de bobo, sim é verdade

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

As setas das utopias. 2.


Mesmo sabendo que no final de tudo o que me resta é a solidão, continuo caminhando e tentando me achar nesse mundo onde a desordem predomina.
Não é fácil, nos labirintos sem volta e sem setas, tento me encontrar através
daqueles que também estão perdidos.

O que será que pensam os homens que tem a liberdade de escolha e preferem ficar sentados na frente da televisão.

Alceu Kunz

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010




A Exceção e a Regra

Estranhem o que não for estranho.
Tomem por inexplicável o habitual.
Sintam-se perplexos ante o cotidiano.
Tratem de achar um remédio para o abuso
Mas não se esqueçam de que o abuso é sempre a regra.
(Bertold Brecht)


para sonhar basta abrir a porta do desconhecido...
e a chave
ah! A chave
esta fica reservada para os iluminados
diferentes e raros
capazes de martelar o convencional.

Jaime José Silva.

Terça-feira


Por que quanto mais te conheço
Mais gosto do teu veneno!
Libélula dos sonhos bucólicos!
Serpente rastejante que me segue!

Noites estranhas que apodreço;
Sinto a carne putrefa entre os dentes;
Ainda deixado pelo almoço.
Juntamente com seu perfume pertinente;

Voa rasante, seduz com sua beleza!
Mas quando pousa, imita urubus.
Mastiga este corpo, arranque esta tristeza.
Flatulências que saem do seu anus!
Tomam conta do ambiente.

Ó musa fedorenta vem e senta nesta mesa vil;
Peça uma cerveja e arrote na minha cara;
Seja o bêbado depravado antes que seu corpo seja putrefato;
Irrite, vomite, me imite, mas não viva apenas sobre limites.

Saudações a todos os velhos bohemios;
Eis aqui um poeta diferente,
Rimas podres em um dia ameno;
Rimas doces apenas com veneno.
Que seja glorioso esse dia porque os bohemios ainda vivem!

J.C.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

As setas das utopias.


A pior lembrança que deve existir é lembrar que se esqueceu de alguma coisa.
Como se esquecer de tentar lembrar o primeiro amor.
Lembrar inutilmente as vagas memórias dos primeiros passos que damos rumo a um sonho.
Não se lembrar de mandar um ramalhete de rosas no dia que uma amiga conseguiu o desejado emprego, mas ter a triste lembrança de mandar coroas de flores ao enterro da mesma.
Esquecer de lembrar-se de fazer algo que tanto queria, mas esse algo foi suprido pela involuntária vontade de assistir televisão.
Quem sabe o que você queria mesmo fazer o tempo todo fosse assistir televisão.
Lembrança é algo sutil que nos arrasta para determinado canto e nos enche de bordoadas ou de beijos.
A verdade é que todos incansavelmente buscamos lembranças.
Mas, como diz o Boêmio, lembrança por si só é velha.
Sendo assim desse jeito, tento buscar algo que...
Algo que ....
Deixa-me penar... Sendo assim desse jeito, tento buscar algo que...
Acho que esqueci o que iria dizer, mas prefiro achar que não me lembrei...


Alceu Kunz.
11/01/2010

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Bar reformado


Entre um bar e outro os bohemios acabaram por se reencontrar. Depois de três anos viajando resolvemos reestruturar o Bohemios de bar. Apesar da nova roupagem do Blog mantivemos a maioria das postagens antigas, sobretudo aquelas que se identificam com nossas ideias. Acreditamos que o novo por vezes pode ser antigo amanhã, então nosso nem tão novo Blog foi reformado, trocamos alguns "quadros das paredes", colocamos "banheiros", e ampliamos o espaço das "mesas”. Venham e bebam uma cerveja conosco.
Em um bar a conversa é solta. A partir de agora as postagens voltarão a movimentar o blog, não importa o tema desde que sua essência seja provocativa, uma provocação questionadora a ponto de fazer o leitor se sentir necessitado e convidado a se sentar à mesa do bar. Escritos, indicações de livros, poemas, crônicas, vídeos, desabafos fazem parte do cardápio.

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